segunda-feira, 6 de junho de 2011

Crepúsculo dos Deuses (Sunset Boulevard)


Para a maior parte das pessoas, falar de seu filme favorito parece algo bastante simples: elogiar a atuação de seus protagonistas, venerar o roteiro, descrever sua cena favorita, ressaltar o quê no cenário causa encantamento ou mesmo exaltar a trilha sonora perfeita. Porém, ao tentar analisar um de meus filmes favoritos, todos os elogios acima feitos não são suficientes.

Em seu título original Sunset Boulevard, o filme Crepúsculo dos Deuses é considerado uma das obras-primas do cinema mundial. Dirigido por Billy Wilder, a película de 1950 retrata Hollywood do começo do século XX como um terreno das falsas esperanças, em que ídolos são rapidamente esquecidos ou talentos são facilmente descartados.

O cenário da trama é passado quase em sua totalidade na casa do número 10.069 na já mencionada Sunset Boulevard, morada da estrela decadente do cinema-mudo Norma Desmond (Gloria Swason). Vivendo em uma suntuosa e mal conservada mansão com seu mordomo Max Von Mayerling (Erich Von Stroheim), sua vida é alterada com a chegada do roteirista endividado Joe Gillis (Willliam Holden) a sua casa. Enquanto este acredita que vai saldar seus problemas financeiros com a atriz, aquela encontra nele uma forma de eliminar sua solidão. Os conflitos se inciam quando o Gillis tenta escrever um roteiro com Betty Schaeffer (Nancy Olson) e acaba se apaixonando por ela.

Ainda que a sinopse pareça bastante simples, a forma como o filme é conduzido por Wilder impressiona a qualquer fã da sétima arte. Contado pelo roteirista já morto na piscina do casarão, captura o espectador desde o início, quando o próprio ironiza seu papel na indústria do entretenimento e intriga a todos para que queiramos saber o que de fato ocorreu. Mantendo um ágil texto ao contar a trajetória de fracassos de Gillis, é só com a entrada do escritor por engano na casa de Norma Desmond que a película ganha um aspecto de suspense, ao torná-la a personificação da loucura e da ilusão causada pela fama. Aos poucos, Joe Gillis é tragado para o mundo luxuoso e excêntrico da ex- atriz, alimentado pelo sempre presente mordomo Max, em que a personagem de Swason profere algumas das falas mais conhecidas da história do cinema mundial, tal como a frase: “I am big, it's the pictures that got small!" (“Eu sou grandiosa, os filmes que ficaram pequenos demais!”). Quando há a entrada da Ms. Schaeffer, a relação da atriz decadente e de seu roteirista particular amargo se torna insustentável, fazendo com que a história dos dois tenha um fim trágico, ou mesmo tragicômico, principalmente se destacarmos a magistral cena final.

Outro ponto que faz com que a história seja particularmente interessante é a similaridade das vidas particulares dos atores com a de seus personagens, como nos casos da também ex-atriz de cinema mudo Gloria Swason e do ex-diretor Erich Von Stroheim, tendo inclusive espectadores que confundissem e chamassem Swason como a sua personagem. Além disso, a trilha sonora de Franz Waxman é igualmente um ponto de excelência da película, perfazendo cada segundo da trama e aumentando a tensão nos momentos mais marcantes, seja ao escolher o tango para dar dramaticidade às cenas de Desmond, seja ao escolher o jazz para emprestar um tom sarcástico e frívolo a Glllis.

Por fim, são tantas observações a serem feitas a respeito do oscarizado Sunset Boulevard1 e da grandiosidade de Wilder para o cinema mundial que uma crítica como essa se inicia de modo limitado ao tentar explicar toda a magnificência dela. No mais, a citada cena final é um espetáculo que deve servir de aperitivo para quem ainda não conhece a película:

http://www.youtube.com/watch?v=SA9lFsiut2Q&feature=related

1Ganhador das estatuetas de Melhor Roteiro, Melhor Trilha Sonora e Melhor Direção de Arte em Preto e Branco

terça-feira, 31 de maio de 2011

Primeiro Post

Esse é o primeiro post desse blog. Espero que este seja uma forma bacana de interagir com as pessoas a respeito do que me instiga no cinema das mais diferentes matizes. Não tenho muita predileção por gênero ou nacionalidade, mas confesso que prefiro os filmes que não deixam ficar no lugar-comum, na mesmice da “introdução-desenvolvimento-conclusão”. Prefiro, até, aqueles que suscitam algo a mais que um suspiro na cadeira do cinema ou um grito dentro de uma sala escura.

Portanto, vou tentar falar de películas que assisti recentemente e dos meus clássicos também. Nada como redimensionar ou redefinir seus próprios horizontes fílmicos! Também darei espaço aqueles que quiserem opinar...